Tuesday 4 September 2012

A terceira subida à serra do Caramulo

J.R.#3, eu sei que és o único que lê estes artigos, prepara-te, porque este é longo.

Depois de ter sido espicaçado ao longo destes últimos dias pelo meu colega de estaminé, fiz hoje a volta que tinha previsto fazer no passado domingo, mas que devido a um impedimento não foi feita.
Portanto J.R.#3, a volta de hoje é para pagar a dívida das voltas domingueiras que tenho andado a faltar, e acredita, esta custou-me bastante caro, já que as coisas correram como previsto, mas não como eu tinha previsto. Passo a explicar.

Saí de casa, faltavam ainda uns minutos para as 9h, e segui em direção a Malhapão, seguindo depois para Oiã, Águeda – tal como se pode ver no percurso que coloquei no Wikiloc -, e ao chegar à placa que indica que estamos a 31 quilómetros da vila do Caramulo iniciei o cronómetro.
O local da partida
O objectivo era saber o tempo que era capaz de fazer nesta minha terceira subida ao Caramulo pela estrada N230.

As duas primeiras foram feitas no verão do ano passado.
Da primeira vez fui sozinho, e como a experiência era pouca, e as pernas ainda não suportavam grandes distâncias, fiz duas paragens para comer e recobrar as forças, cheguei “lá a cima” depois de 3 horas a pedalar, e excluindo as paragens, porque caso as incluísse, então o tempo seria na ordem das 4 horas. Da segunda vez, e já com o J.R.#3 a “puxar” fiz este mesmo percurso em pouco mais de duas horas e meia, mas uma vez mais estou a excluir as duas paragens feitas nos mesmos sítios. Apesar de já termos começado a colocar alguns textos neste blogue, não registei o tempo decorrido para fazer esses 31 km que separam Bolfiar da vila do Caramulo. Achei na altura que relatar esta aventura seria pouco interessante, afinal de contas estávamos a fazer o percurso com uma velocidade baixa e mesmo assim eu não conseguia fazê-la sem paragens. Pelo meio houve ainda uma outra tentativa de subir o Caramulo no dia 5 de Fevereiro. Éramos para fazê-la em conjunto, mas como estava bastante frio, e se bem me lembro, o J.R.#3 não estava em condições físicas para completá-la, ficámo-nos apenas por São João do Monte. Uns dias mais tarde quem não pôde ir fui eu, e lá foi o J.R.#3 sozinho apanhar com o frio da serra do Caramulo. Feito o resumo das anteriores subidas e como atualmente ando de bicicleta a um ritmo consideravelmente superior ao que tinha há um ano, estava curioso por saber quanto tempo demoro a fazer esses mesmos 31 km para chegar à vila do Caramulo. Sabia que não era um cenário muito irrealista fazer a subida com um tempo um pouco superior a duas horas sem paragens. Os primeiros 20 km – até São João do Monte – foram feitos em cerca de 1h15, um tempo muito melhor do que estava à espera e como tal sabia que provavelmente o tempo total da subida seria inferior a 2 horas se tudo corresse bem, no entanto os últimos 11 quilómetros foram muito duros, paguei o preço de ter andado a um ritmo ligeiramente superior ao que habitualmente faço nas subidas, e como às 11 horas da manhã o calor já se fazia sentir com bastante intensidade e sede apertava, tive que fazer uma pequena paragem a cerca de 8 quilómetros da meta para reabastecer o bidão de água, bebi água para aguentar os últimos quilómetros, estiquei as pernas que já começavam a doer, e não era só as pernas que doía. A paragem fez-me mal. Acho que bebi água a mais, e estive minutos a mais parado, é que partir desse ponto nunca mais consegui ir ao ritmo que antes levava, e a 4 ou 5 km do Caramulo já estava a fazer contas de cabeça para saber se ainda seria possível bater as duas horas. Cheguei ao Caramulo com 1h58m30s, fazendo o último quilómetro, que é a descer, a cerca de 50km/h. Estava com receio de ultrapassar a barreira psicológica das duas horas.

Tirei as fotos da praxe e de seguida dirigi-me ao parque da cidade, sentei-me para comer, reabastecer de água, e descansar as pernas, e fugir um pouco do sol.
Eu mesmo, à entrada do Caramulo
 O dia estava muito quente, e do Caramulo viam-se com bastante nitidez os incêndios que nesse momento lavravam no distrito de Viseu.
Incêndios em Viseu
Após esta etapa concluída, dirigi-me para o Caramulinho, mas as pernas já não aguentavam grandes esforços, e como estava muito calor – o ciclo computador marcava 36 ºC- , fiz parte do percurso a pé, até porque sabia que o percurso era longo até casa. Aproveitei para ir tirando fotografias aos “ventiladores” do Caramulo e ir apreciando a paisagem.
"Ventiladores" do Caramulo
Por volta da 1 hora da tarde inicio a descida pela estrada N230-3 em direção ao Teixo. Optei por fazer a descida da serra do caramulo por este percurso, porque pela N230 a descida é bastante monótona com curva e contra curva, e pelo que vi no Google Earth a estrada por este lado parece ser “mais a direito”. Mal sabia eu o que me aguardava. A qualidade do pavimento é muito boa, mas as descidas são muito mais inclinadas, e mesmo a travar em muitas partes do percurso, a bicicleta não descia dos 40km/h, só travando a fundo e a queimar pneu é que a velocidade diminuía. Para ser ter uma noção do que estou a falar, a inclinação média nos primeiros sete quilómetros é de 7% com um máximo de 15%, o que é quase o dobro do declive da N230. Ao chegar a Freimoninho já sabia que ia apanhar uma subida, não sabia é que era de 13%. Tive que fazê-la a pé, sob calor intenso, um quilómetro depois entramos no distrito de Aveiro, e a qualidade do pavimento passa de muito boa a má.
Em Falgoselhe enganei-me, e em vez de seguir em frente fui parar à Talhada, lá andei para a frente e para trás, a tentar perceber onde é que eu me tinha enganado. Estava completamente desorientado sem saber se estava na direção de casa ou se estava a voltar para trás. Foi nessa altura, em que saí de cima da bicicleta para andar um pouco a pé, e desta forma tentar descortinar que rumo seguir, que me apercebi que as travagens feitas a fundo me tinham custado o pneu de trás, ou seja, já tenho trabalho para o próximo sábado, mudar o pneu da frente pelo de trás e esperar que a volta de domingo não seja muito acidentada. Após algumas indecisões, arrisquei numa direção e fui parar ao lugar de Igreja, foi um alívio quando lá cheguei, porque já andava perdido há mais de meia hora. Sabendo onde estava, agora restava fazer o percurso para casa, já sem água, sem comida e com a temperatura a atingir os 37 ºC.

Enquanto não perder mais uns quilos, ou mudar de bicicleta, tão cedo não volto a descer a serra do Caramulo por este lado, como diria Mário Lino, jamé.

Cheguei a casa já passava das 3 horas da tarde, completamente exausto e cheio de sede. Devo ter bebido pelo menos uns dois litros de água desde que cheguei.
É isto que normalmente acontece quando me ponho em aventuras, e tento descobrir novos percursos. Ainda bem que o J.R.#3 não foi comigo, senão tinha missa para uma semana.

Resta saber quando é que volto ao Caramulo, mas de uma coisa eu tenho a certeza pela N230-3 é que eu não vou, isso é certo e garantido.


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